21.3.07

Momento inspirador

Frase proferida durante uma conversa via msn:

o único problema de tamanha relatividade é a falta de respeito em relação à diversidade resultante dessa relatividade.

Não sei exatamente o que quis dizer com isso, mas ficou bonita pelo menos . . .

14.3.07

Desta vez . . .

. . . não é preguiça mesmo. É apenas uma constatação daquela frase de que a realidade é sempre muito pior do que a ficção.

Mulher morre após pacto com amante que conheceu pela internet

A taquígrafa Maria Aparecida Lima da Silva, 38, morreu em Brasília após tomar veneno de rato. Segundo a Polícia Civil, ela havia firmado um pacto de morte com seu amante, Kléber Ferreira Gusmão Ferraz, que não cumpriu sua parte no acordo e acabou preso. O caso aconteceu no último dia 5, mas só foi divulgado hoje.

Silva e Ferraz haviam se conhecido no início de 2006 no site de relacionamentos Orkut e iniciaram o namoro. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, Ferraz era casado e dizia para a amante ser judeu e agente secreto a serviço do governo de Israel, para não ter que revelar detalhes de sua vida. Ele acabou preso por induzir a taquígrafa ao suicídio.

No último dia 5, depois que o duplo suicídio estava acertado, o casal alugou um quarto no hotel Bay Park, mas apenas Silva tomou o veneno. Quando ela foi encontrada morta, Ferraz não estava mais no hotel, mas acabou preso no mesmo dia.

Durante o tempo em que permaneceram juntos, Silva pagou várias despesas de Ferraz, inclusive de sua mulher e seus filhos. Segundo a polícia, ela havia comprado um carro para ele.

Antes de se matar, a taquígrafa havia descoberto que Ferraz era casado, mas mesmo assim manteve o relacionamento. De acordo com a Polícia Civil, a família dela também já havia tentado, sem sucesso, fazê-la desistir do relacionamento.

Folha On-line 14/03/2007

8.3.07

O dia delas

Nunca fui um grande fã de datas comemorativas. Sempre tento olhar de fora da excitação pela qual a maioria das pessoas passam nos dias em que se comemora alguma coisa. Hoje, Dia Internacional da Mulher, além dessa postura descrita, olho a data de "fora" por motivos óbvios. O fato de eu gostar ou não destas datas pouco importa, já que não mudo a vida de ninguém por conta disso. Agora muitas empresas que "gostam" disso, acabam piorando muito as coisas.

A Folha de S. Paulo lançou um "caderno especial" Mulher com textos e opiniões criticando a chamada ditadura da moda, porque outras questões envolvendo as mulheres (violência doméstica, descriminalização do aborto e dupla jornada de trabalho) são coisas ultrapassadas e, como o jornal dá a entender, não são mais problemas enfrentados por nenhuma brasileira. Até aí tudo bem, ou não né meninas?

Mas o que mais chamou a atenção são os anúncios do caderno. Logo na capa, meia página de propaganda de lavadora de roupas, lava-louças, lavadora "tira-manchas" e um microondas com sexto sentido - referência ótima neste caso. Nas páginas seguintes do suplemento o show de anúncios continua.

Em um deles, de um creme de rejuvenecimento, a frase "Hoje a mulher merece ficar mais tempo na frente do espelho". E para coroar o show de horrores na última página, uma construtora reproduziu a imagem de uma casa construída com alguns objetos que supostamente lembram as mulheres: sapato, jóias, óculos, batom, perfume, bolsa, carteira e por aí vai.

Não entendo nada de propaganda, mas colocar anúncios com tamanho grau de pré-conceitos em um caderno destinado a mulheres não deve funcionar muito bem para essas empresas. Pelo menos, aquelas que forem conscientes e que de fato brigam por espaço numa sociedade cada vez mais machista, não devem se sentir nem um pouco homenageadas dessa maneira.

Assim como não gosto de datas comemorativas, também nunca entro em polêmicas discutindo a igualdade entre homens e mulheres (apesar de achar que a sociedade não as trata da maneira como deveria) ou com os argentinos - aliás essa é uma das coisas que vou morrer sem entender o porque dessa rivalidade besta.

Apesar disso, não imagino (porque não existe imaginar uma situação pela qual você nunca passou ou não passa diariamente) como deve ser mulher e os desafios que elas são obrigadas a enfrentar. Da mesma maneira que não imagino como é ser negro em um país onde esta raça é maioria e ainda assim há um preconceito velado imenso.

Como é impossível me colocar no lugar de qualquer pessoa, seja um negro ou um grande empresário de uma multinacional, respeito todo mundo independentemente das características físicas, cor da pele, credo, gosto e etc. Obviamente que tenho minhas preferências pessoas e naturalmente vou me entender melhor com pessoais que tenham determinadas preferências, mas isso não quer dizer que os demais sejam menores.

Sei que falei demais até aqui e nem tudo parece fazer sentido, mas de uma maneira ou outra é uma forma de homenagem às mulheres, mesmo não gostando de datas comemorativas.

2.3.07

Contra-cultura

Muitas vezes fico pensando o tamanho da influência de empresas privadas na imprensa “grande” brasileira. Não sou mais ingênuo de acreditar que existe jornal livre, porém, não dá para medir exatamente até onde vai essa dependência. Infelizmente, nessa semana tive mais uma prova do quão promíscua pode ser essa relação.

Obviamente que todo mundo viu ou ouvir falar sobre a exposição de obras criadas por Leonardo Da Vinci, no Oca, no Parque do Ibirapuera. Na verdade, as pessoas devem estar até cansadas de tanto ver matérias sobre isso. Só que, curiosamente, no dia anterior à abertura ao público, essa exposição ganhou capa dos cadernos culturais dos dois maiores jornais de São Paulo: Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo.

Claro que a notícia é relevante e merece ser divulgada para o maior número de pessoas possível. Mas, neste mesmo dia, a Globo também entrou com um link no SPTV primeira edição direto do Ibirapuera. Levando em consideração a data da abertura e tudo o mais, aquele dia era o ideal para a cobertura, mas é impossível não imaginar que houve um “trabalho” muito forte de marketing da empresa patrocinadora – Bradesco.

Nada contra empresas privadas “patrocinarem” a “arte”. O que me chamou a atenção foi o tamanho da devoção da imprensa em relação ao fato. Devoção porque parece que só tinha isso acontecendo em São Paulo, e para ajudar eles ainda faziam uma cobertura “casada” com outra exposição na Oca: Corpo Humano. Com um “apoio educacional” adivinha de quem? Fundação Bradesco.

Eu sei que esses posts podem parecer um bairrismo da minha parte, já que sou jornalista e teoricamente tenho como “função moral” criticar e querer uma imprensa de qualidade. Mas é impossível não perceber a relação que se estabeleceu entre a mídia e os ditos produtores de cultura do país. Isto porque são duas exposições para públicos abonados – o ingresso custa R$ 30 para cada uma.

Que a situação do jornalismo cultural praticado por grandes veículos de comunicação é triste, todo mundo sabe. Mas quando vejo coisas assim desanimo de querer escrever alguma coisa sobre cultura profissionalmente. Nunca trabalhei nesta área, mas a impressão é que uma certa independência é impossível, porque as ações de marketing dos patrocinadores engolem qualquer crítica “mal-vinda”.

Não que isso não ocorra em outras coberturas, como a política ou econômica, por exemplo. Mas quando acontece isso com a cultura é uma contradição muito grande – o avesso daquilo que a “boa” arte prega.