26.5.08

Água na boca

Não contente em não atualizar este blog com frequência, acabei criando um outro espaço: daymeal.blogspot.com.

Lá, em vez de dúvidas e questionamentos, arrisco falar de comida e publicarei algumas fotos dos pratos, tanto aqueles feitos por mim quanto por outras pessoas.

É isso aí.

Até mais que estou indo almoçar.

3.5.08

No ônibus

Não sei explicar os motivos, mas todas as vezes em que estou sentando ao lado de um banco vago no ônibus ou trem fico torcendo para ninguém escolher aquele lugar.

Nada contra as pessoas, muito pelo contrário, aliás. Só que todo mundo sabe que os bancos dos meios de transporte coletivo são absurdamente pequenos e apertados. Onde sentam dois, caberia, no máximo, uma pessoa bem instalada. Mas não. Por uma série de motivos, as empresas de ônibus e trens precisam transportar o máximo de gente possível em um único espaço – no qual aquela famosa máxima dos dois corpos adquire um significado totalmente novo.

Outro dia passei por uma situação, no mínimo, cômica. Entrei no ônibus e fui para aqueles assentos na traseira, os últimos. Sentei no do meio, pensando em facilitar a descida, já que era horário de pico.

Como minha visão era completa até a frente, dava para ver os passageiros que subiam a cada parada. Já na primeira, entram duas mulheres, que aparentemente trabalham juntas, já que estavam com a mesma roupa. Uma delas estava acima do peso, mas não chegava a ser obesa. Quando subiram, já fiquei pensando “não, aqui não”. Parece que funcionou como um imã. As duas vieram e sentaram-se nos dois lugares à esquerda, a mais gorda ao meu lado.

Para minha alegria ainda restava um assento vago à direita. O ônibus continuou o trajeto e todo mundo que subia evitava aquele lugar perto de mim. Num determinado ponto, subiu um cara, umas cinco vezes mais gordo que a moça ao meu lado. Adivinha? Sim, ele escolheu o banco à minha direita.

O que era para ter me deixado bem nervoso, já que estava espremido por duas pessoas “grandes”, fez com que eu criasse uma cena pra lá de engraçada na minha cabeça. Só conseguia pensar em uma foto ou desenho mostrando um cara numa puta cena curiosa, espremido no banco – tipo uma tirinha de humor negro.

Além da reflexão sobre o tamanho dos bancos dos ônibus e da idéia para este texto, a cena serviu para que pensasse em várias coisas, sobretudo algumas situações que quem está acima do peso tem de enfrentar.

Não tenho nenhum tipo de preconceito com gordos – ainda que escrever isso possa soar o contrário – mas é impossível não pensar em como algumas pessoas devem sofrer por conta dos espaços cada vez menores, seja nos ônibus/trens ou em banheiros e cinemas.

A solução para resolver esse problema é incerta, mas as empresas responsáveis pela fabricação destes equipamentos poderiam pensar melhor na questão e produzir alternativas viáveis para todos – sem criar constrangimentos do tipo “banco reservado para gordos”.

Na verdade, o problema dos espaços públicos ou privados com grande circulação de pessoas é a falta de acessibilidade e, conseqüentemente, conforto para todos, seja gordo, idoso ou criança.