3.5.08

No ônibus

Não sei explicar os motivos, mas todas as vezes em que estou sentando ao lado de um banco vago no ônibus ou trem fico torcendo para ninguém escolher aquele lugar.

Nada contra as pessoas, muito pelo contrário, aliás. Só que todo mundo sabe que os bancos dos meios de transporte coletivo são absurdamente pequenos e apertados. Onde sentam dois, caberia, no máximo, uma pessoa bem instalada. Mas não. Por uma série de motivos, as empresas de ônibus e trens precisam transportar o máximo de gente possível em um único espaço – no qual aquela famosa máxima dos dois corpos adquire um significado totalmente novo.

Outro dia passei por uma situação, no mínimo, cômica. Entrei no ônibus e fui para aqueles assentos na traseira, os últimos. Sentei no do meio, pensando em facilitar a descida, já que era horário de pico.

Como minha visão era completa até a frente, dava para ver os passageiros que subiam a cada parada. Já na primeira, entram duas mulheres, que aparentemente trabalham juntas, já que estavam com a mesma roupa. Uma delas estava acima do peso, mas não chegava a ser obesa. Quando subiram, já fiquei pensando “não, aqui não”. Parece que funcionou como um imã. As duas vieram e sentaram-se nos dois lugares à esquerda, a mais gorda ao meu lado.

Para minha alegria ainda restava um assento vago à direita. O ônibus continuou o trajeto e todo mundo que subia evitava aquele lugar perto de mim. Num determinado ponto, subiu um cara, umas cinco vezes mais gordo que a moça ao meu lado. Adivinha? Sim, ele escolheu o banco à minha direita.

O que era para ter me deixado bem nervoso, já que estava espremido por duas pessoas “grandes”, fez com que eu criasse uma cena pra lá de engraçada na minha cabeça. Só conseguia pensar em uma foto ou desenho mostrando um cara numa puta cena curiosa, espremido no banco – tipo uma tirinha de humor negro.

Além da reflexão sobre o tamanho dos bancos dos ônibus e da idéia para este texto, a cena serviu para que pensasse em várias coisas, sobretudo algumas situações que quem está acima do peso tem de enfrentar.

Não tenho nenhum tipo de preconceito com gordos – ainda que escrever isso possa soar o contrário – mas é impossível não pensar em como algumas pessoas devem sofrer por conta dos espaços cada vez menores, seja nos ônibus/trens ou em banheiros e cinemas.

A solução para resolver esse problema é incerta, mas as empresas responsáveis pela fabricação destes equipamentos poderiam pensar melhor na questão e produzir alternativas viáveis para todos – sem criar constrangimentos do tipo “banco reservado para gordos”.

Na verdade, o problema dos espaços públicos ou privados com grande circulação de pessoas é a falta de acessibilidade e, conseqüentemente, conforto para todos, seja gordo, idoso ou criança.

6 comentários:

Dr. Cólera, disse...

'
Meu velho, tem uma linha da CPTM (não lembro se Luz/Fco. Morato ou Pres. Altino/Itapevi) que há adesivos indicativos dos assentos preferenciais incluindo as pessoas obesas. O pior é que o tal adesivo especifica o IMC (Índice de Massa Corpórea) necessário para se ter prioridade nos assentos. Quando eu vi me perguntei: "pô, como eu vou saber se a pessoa tá acima do peso pra q eu possa lhe ceder o lugar? E se eu ceder e ele se ofender por achar que eu estou lhe chamando de gordo?"

Situação complicada, não?!
'

Anônimo disse...

Porra não sabia dessa . . . absurdo. Era exatamente isso que eu me referi, não é bacana criar este tipo de situação. Parece que o pessoal não pensa . . . sei lá.

Dr. Cólera, disse...

Segunda-feira tava indo pra Sampa de trem... e o que vi? Exatamente: o tal adesivo em uma composição aki, da linha F - Estudantes/(Guaianazes)Luz.

Anônimo disse...

Cara, eu também vi o tal adesivo. Muito engraçado. Agora as pessoas vão ter de andar com uma carteirinha com o IMC para provar que podem sentar naquele local.

Thiara Ney - Tuty disse...

Oi!
Eu acho que não sou gorda (na verdade eu acho que sou e vivo de dieta, mas no fundo sei que é só frescura, enfim...), mas eu queria que os bancos fossem maiores, pq posso não ser gorda, mas sou espaçosa, hahahaha. E às vezes eu estufo a barriga no metrô, pra ver se alguém acha que eu tô grávida e me dá o lugar, hahahaha. Feio, né?!
Bjus!

Anônimo disse...

Meu, essa história da grávida dei risada de verdade. Imagino a cena de você fazendo isso, deve ser hilário.
Mas a dúvida é: alguém cai nessa?