26.12.08

Lições

Um
A realidade é muito mais bonita e desejável na ficção do que na vida real.

Dois
A diversidade é fácil de ser exaltada no discurso, mas muito complicada de ser respeitada na prática.

9.9.08

Avenida confiança

O cenário é formado por pessoas confiantes andando apressadamente com estilos bastante diferentes. Cada uma com uma confiança customizada, particular, mas que ao mesmo tempo acaba sendo igual a de todo mundo. Quando caminham, estufam o peito e empinam o nariz para emitir ainda mais certeza daquilo que são e estão fazendo por ali. O curioso é que, alguns passos à frente, quando já estão dentro do ônibus, espremidas como sardinhas em latas, a expressão continua uniforme, mas não mais de arrogância ou superioridade. Ali apertadas, as pessoas formam outro tipo de grupo, bem diferente daquele que constituam ali atrás. Neste momento, sobretudo no caso das mulheres, patricinhas, executivas, roqueiras, hippies, malhadas, modelos, normais - porque estas também têm vez ainda que não sejam necessariamente pertencentes àquela realidade - falsas largadas, quase bicho grilo e bicho grilo demais, simples ou estudante. Estas são apenas algumas possíveis classificações para as mulheres que andam pelas calçadas do metro quadrado mais caro do Brasil.

Quando estão ali, indo ou vindo, todas – aqui o feminino é para pessoas, não para mulheres - têm o mesmo olhar e uma expressão de confiança no rosto. Para quem não as conhece, parece que jamais irão ceder a qualquer tipo de pedido ou que podem ser frágeis ou indefesas em certos momentos. A exceção fica por conta de um tipo facilmente identificado no mar da confiança: as que estão só de passagem ou que moram longe e foram conhecer a famosa avenida. Estas não encontram muitas referências e pares nas demais pessoas, cuja vida é bem diferente da sua, imagina pelo menos.

Voltando a elas, com tantas tão iguais, igualmente belas e com pressa, a diferente é aquela que está parada, esperando alguém ou alguma coisa. Os que param – homens - também são vistos com desconfiança, já que ali ficar plantado segurando um ramalhete de flores não combina com o cenário da competição no mercado de trabalho, do trânsito caótico, das cobranças e males da vida moderna. As peculiaridades da avenida são tantas que até mesmo descrever um homem parado com um arranjo floral é tarefa das mais complexas. Em qualquer outro lugar seria fácil arriscar que ele está esperando a mulher da sua vida. Mas na Paulista não. Ele pode estar ali pelo homem da sua vida, por sua mãe, pai, tio, tia, sobrinho, primo ou mesmo por ninguém. Vai saber se ele não ganhou as flores de alguém ou outro alguém as rejeitou e o rapaz está ali, parado, sem saber o que fazer com aquilo.

Voltando à confiança é interessante observar que, quem não faz parte daquele cenário, se esforça para integrar a paisagem. Quando a certeza de ser tão bom naquilo que faz não é o suficiente para enturmá-lo à massa de bem-sucedidos, o jeito é apelar para o exotismo. Daí o ritmo da passada é menor e o pescoço não pára de trabalhar um minuto, já que tem de olhar para lá e para cá com movimentos nada suaves a fim de chamar o máximo de atenção possível, gritando para todos que tiveram tempo de perceber: olha, não sou daqui, sou um turista embasbacado com tudo isso a minha volta!

A tribo daqueles que caminha sobre rodas, bem ao lado do exército que marcha apressado, não é muito diferente no quesito seguro de si. O próprio carro já é uma forma de dizer em bom e alto som para qualquer um, o quanto a confiança faz parte de mim. Normalmente são grandes, imponentes, com motores potentes e mais uma lista de bugigangas, parafernálias e detalhes que, segundo justificativa dos proprietários, é para aumentar o conforto.

Há ainda aqueles que andam sob hélices, uma categoria ainda mais privilegiada. Entre as vantagens está a de não ter contato com o mundo real, aquele da maioria que está lá embaixo gastando a sola do sapato.
Todos os contrastes e contradições – assim como os presentes na estrutura deste texto - são apenas uma prova de que a tão festejada democracia misturada no meio da multidão só dura uma primeira olhada, bem rápida e superficial por sinal. A igualdade no discurso, igualmente no caso dos cariocas, que fazem questão de frisar que a praia é o espaço mais democrático do mundo, só serve para fazer tipo de intelectual preocupado com meio social em que vive.


Fora da massa heterogênea que se forma, tanto na Paulista, quanto em Copacabana, por exemplo, sobra apenas o aluguel atrasado, as contas penduradas na geladeira, as dificuldades da dependência do transporte público urbano, o esporro do patrão porque chegou cinco minutos atrasado, entre muitas outras situações conhecidas profundamente pela maioria da população, mesmo daquela que se mistura ali naquela avenida.

26.5.08

Água na boca

Não contente em não atualizar este blog com frequência, acabei criando um outro espaço: daymeal.blogspot.com.

Lá, em vez de dúvidas e questionamentos, arrisco falar de comida e publicarei algumas fotos dos pratos, tanto aqueles feitos por mim quanto por outras pessoas.

É isso aí.

Até mais que estou indo almoçar.

3.5.08

No ônibus

Não sei explicar os motivos, mas todas as vezes em que estou sentando ao lado de um banco vago no ônibus ou trem fico torcendo para ninguém escolher aquele lugar.

Nada contra as pessoas, muito pelo contrário, aliás. Só que todo mundo sabe que os bancos dos meios de transporte coletivo são absurdamente pequenos e apertados. Onde sentam dois, caberia, no máximo, uma pessoa bem instalada. Mas não. Por uma série de motivos, as empresas de ônibus e trens precisam transportar o máximo de gente possível em um único espaço – no qual aquela famosa máxima dos dois corpos adquire um significado totalmente novo.

Outro dia passei por uma situação, no mínimo, cômica. Entrei no ônibus e fui para aqueles assentos na traseira, os últimos. Sentei no do meio, pensando em facilitar a descida, já que era horário de pico.

Como minha visão era completa até a frente, dava para ver os passageiros que subiam a cada parada. Já na primeira, entram duas mulheres, que aparentemente trabalham juntas, já que estavam com a mesma roupa. Uma delas estava acima do peso, mas não chegava a ser obesa. Quando subiram, já fiquei pensando “não, aqui não”. Parece que funcionou como um imã. As duas vieram e sentaram-se nos dois lugares à esquerda, a mais gorda ao meu lado.

Para minha alegria ainda restava um assento vago à direita. O ônibus continuou o trajeto e todo mundo que subia evitava aquele lugar perto de mim. Num determinado ponto, subiu um cara, umas cinco vezes mais gordo que a moça ao meu lado. Adivinha? Sim, ele escolheu o banco à minha direita.

O que era para ter me deixado bem nervoso, já que estava espremido por duas pessoas “grandes”, fez com que eu criasse uma cena pra lá de engraçada na minha cabeça. Só conseguia pensar em uma foto ou desenho mostrando um cara numa puta cena curiosa, espremido no banco – tipo uma tirinha de humor negro.

Além da reflexão sobre o tamanho dos bancos dos ônibus e da idéia para este texto, a cena serviu para que pensasse em várias coisas, sobretudo algumas situações que quem está acima do peso tem de enfrentar.

Não tenho nenhum tipo de preconceito com gordos – ainda que escrever isso possa soar o contrário – mas é impossível não pensar em como algumas pessoas devem sofrer por conta dos espaços cada vez menores, seja nos ônibus/trens ou em banheiros e cinemas.

A solução para resolver esse problema é incerta, mas as empresas responsáveis pela fabricação destes equipamentos poderiam pensar melhor na questão e produzir alternativas viáveis para todos – sem criar constrangimentos do tipo “banco reservado para gordos”.

Na verdade, o problema dos espaços públicos ou privados com grande circulação de pessoas é a falta de acessibilidade e, conseqüentemente, conforto para todos, seja gordo, idoso ou criança.

24.1.08

Notícias que mudam o mundo

Não é nem pelo fato de eu não gostar de carnaval, mas tem coisa que não entendo. Olha as notícias que chegam:

Celebridades comemoram aniversário de São Paulo no ritmo do Carnaval

São Paulo, janeiro de 2008 – No aniversário de São Paulo (25) o Esquenta do Camarote Bar Brahma recebe celebridades para festejar os 454 anos da Cidade. Para começar, a musa do Camarote Bar Brahma samba pela primeira vez com a camiseta ofical do Camarote de 2008. Outras personalidades confirmadas são: o jogador Mauro Silva, Mauro Naves e a esposa, Patrícia Naves (atriz), Max Fivelinha, Celso Kamura, Solange Frazão, Luigi Barricelli, a campeã de boxe Duda Yankovich, o DJ internacional Ivan Filipi. Além do novo affair paulistano formado por Denílson e a ex de Richarlyson, Letícia Carlos, capa da Playboy de janeiro.


Vips no Carnaval de São Paulo

O Camarote Bar Brahma está cada vez mais bonito. O paulistano gatíssimo Rodrigo Veronese já confirmou presença no lounge Häagen-Dazs do Camarote Bar Brahma. Adriana Alves, musa do Camarote Bar Brahma pela segunda vez consecutiva, recebe a companhia da dupla de Ellen’s: Roche e Ganzarolli. A modelo e Guiness Book do Carnaval paulistano, Renata Banhara, que em 2001 desfilou nas 14 escolas de samba do Grupo Especial e entrou para o livro dos recordes também curte a folia do espaço mais vip do Carnaval paulistano.

Agora é bem capaz que eu vá aproveitar o carnaval no camarote também, já que tanta gente importante vai . . .