10.5.10

Mulheres de Verdade



A primeira surge vestida toda de branco, lembrando uma entidade da umbanda ou uma rainha africana. A voz firme e a postura completamente natural e segura do que está fazendo no palco deixam claro que o coração está nas músicas e na dança. Sem nenhuma parte do corpo à mostra, com exceção de um mínimo pedaço da canela, ela consegue ser extremamente sensual e gostosa de ver. Ela é Thalma de Freitas.



A transparência do vestido e o decote mais generoso é o figurino da segunda. Ainda na transição com Thalma, ela provoca e faz a também atriz se jogar aos seus pés, como quem desistiu de viver diante da beleza ou da dominação incapazes de ser alcançada por outra mulher. O canto é mais contido, mas nem por isso deixa de encher os ouvidos da plateia, assim como seus movimentos, que são uma espécie de balé para bases de samba ou reggae. Ela é Anelis Assumpção.



A terceira entra em cena deliciosamente deliciosa com um vestido preto curtíssimo. Na orelha direita o brinco com as cores da bandeira da Jamaica dão o tom de qual será o ritmo dominante nas bases improvisadas sobre as músicas conhecidas. Dançando com um “quê” desajeitada, com os braços soltos ao lado do corpo e os joelhos dobrando a cada movimento, ela domina a voz levemente rouca com altos e baixos ou sussurros e gritos. Ela é Céu.



As três cantoras, reunidas sob a alcunha de Negreskosis, deixaram o auditório do Sesc Vila Mariana hipnotizado diante do talento misturado à sensualidade e um show impecável, cuja banda, cenário e iluminação tornaram a apresentação épica. Um daqueles shows que você sai do lugar com a certeza de ter visto algo histórico.


Sozinhas ou reunidas, as três têm total domínio do que estão fazendo. Em cima do palco, cantando ou só dançando, elas demonstram que são mulheres de verdade, talvez num sentido mais natural possível da palavra, sem esse bullshit de mulher moderna ou margarina inventado por agências de publicidade.


Com talento de sobra para compor e interpretar suas próprias canções ou de outros, elas podem ser consideradas as frutas mais sofisticadas de uma feira dominada por mulheres melão e melancia. A postura firme, cujo canto e dança se complementam numa espécie de ciranda ensaiada, mas tão natural que impressiona, sem contar a incrível sensualidade da voz e dos movimentos sutis e leves, tornam Céu, Thalma e Anelis mulheres de verdade, que podem ser tudo aquilo que quiserem, desde mãe, esposa, namorada, cantora, atriz, dona de casa ou executiva. Ou melhor ainda: todas elas juntas.


As fotos afanei do Twitter da @karol_santos

Um comentário:

Ludmila disse...

Cadê as pernocas da mulherada?!?!?! huahauhau